Trovadorismo - Contexto Histórico

Por: Aline Suelen

             A Idade Média teve início com a queda do Império Romano (476 a.C) e com as invasões bárbaras que assolaram a Europa. Em conseqüência de tais invasões, as cidades ficaram praticamente despovoadas, pois o povo, temeroso, fugiu para o campo. Com o deslocamento do povo para o campo, surgiram os feudos, unidades territoriais econômicas básicas do Feudalismo, cujos proprietários eram membros do clero, poderosos política e economicamente, aristocratas e bárbaros conquistadores.  Eram conhecidos como “senhores feudais” e ofereciam proteção às pessoas, em troca de obediência, de trabalho agrícola e de pagamento de tributos.
            Alguns senhores feudais se reuniram para organizar resistência a novos ataques bárbaros, e o modo como se organizaram desenvolveu formas de relações humanas, conhecidas como suserania e vassalagem. O senhor feudal oferecia uma parte de suas terras para outro nobre, formando um novo feudo. O que oferecia era chamado suserano; o que recebia, vassalo. Além da obrigação de cultivar esses lotes, os vassalos tinham que pagar inúmeras taxas impostas pelos donos das terras. Os valores dessas taxas eram tão altos que o dinheiro que restava era apenas o suficiente para a sua subsistência e para o plantio de uma nova safra. Essa relação de dependência entre suserano e vassalo nessa sociedade fortemente hierarquizada era chamada de vassalagem.
A influência do clero evidenciou-se principalmente durante as Cruzadas, expedições e batalhas de cunho religioso entre cristãos e muçulmano, que tinham como principal objetivo à libertação dos lugares santos, situados na Palestina e venerados pelos cristãos, além da expulsão dos árabes da Península Ibérica.
            Tais aspectos sócio-culturais são importantes para entendermos certas características das manifestações literárias desse período.

            PORTUGAL

            O norte da Península Ibérica, que nunca foi conquistado por bárbaros, era governado pelo rei Afonso VI de Castela e Leão, o Bravo (1039-1109), intitulado Imperador de toda Espanha.  Afonso tinha duas filhas: Urraca e Teresa, descendentes diretas do reino. Teresa foi dada, em casamento, ao conde Henrique de Borgonha e como dote receberam o Condado Portucalense. Destes condados, que faziam ainda parte do reino de Leão, mas que dele tinha grande independência, nasceria o reino de Portugal.
Após o casamento, Henrique e Teresa planejaram transformar sua possessão em nação independente. D. Henrique governou no sentido de conseguir uma completa autonomia para o seu condado e deixou uma terra portucalense muito mais livre do que aquela que recebera.
Com o falecimento de Henrique, sucede-lhe a viúva Teresa, no governo do condado durante a menoridade do seu filho Afonso Henrique. O pensamento de D. Teresa foi idêntico ao do seu marido: fortalecer a vida portucalense, conseguir a independência para o condado. Ela começou a intitular-se “Rainha”, mas os muitos conflitos diplomáticos e a influência que concedeu a alguns nobres galegos na gerência dos negócios públicos, prejudicaram seu esforço.
Com idéias opostas à da mãe, que se aliara ao nobre galego Fernão Peres de Trava, Afonso Henrique, aos catorze anos de idade, armou-se cavaleiro, tornando-se assim guerreiro independente. A posição de favoritismo em relação aos nobres galegos e a indiferença para com os fidalgos e eclesiásticos portucalenses originou a revolta destes, sob chefia de D. Afonso Henrique.
No ano de 1128, as tropas de Teresa de Leão e Fernão Peres de Trava defrontaram-se com as de Afonso Henriques na batalha de São Mamede (Guimarães). Com a vitória de Afonso Henrique, D. Teresa é expulsa da terra.
Em 1139, Afonso Henriques conseguiu uma importante vitória contra os Mouros na Batalha de Ourique, tendo declarado a independência com o apoio dos chefes portugueses, que o aclamaram como soberano. Nascia o Reino de Portugal e Afonso Henrique I proclamou-se rei, tendo sido reconhecido pelo papa Alexandre III.  Iniciava-se aí a primeira dinastia portuguesa: a Dinastia de Borgonha.
A Independência de Portugal é reconhecida em 1143, pelo rei de Castela, no Tratado de Zamora, assinando-se a paz definitiva.
Após a morte de Afonso Henrique I, em 6 de dezembro de 1185, seu filho D. Sancho I (Coimbra, 11 de Novembro de 1154 - Coimbra, 26 de Março de 1211) governou Portugal, continuando a dinastia de Borgonha. 
A dinastia de Borgonha tinha origens no sul da França, em Provença, o que explica a grande influência provençal durante a primeira fase da Era Medieval em Portugal. Assim, os costumes e a cultura dessa apresentaram fortes traços provençais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário