Francisco de Sá de Miranda nasceu em Coimbra em 28 de Agosto de 1481. Era filho de Gonçalo Mendes de Sá (cônego da Sé de Coimbra) e de Inês de Melo, solteira, nobre.
Foi nas Escolas Gerais que Sá de Miranda conheceu Bernardim Ribeiro, com quem criou estreitas relações de amizade, lealmente mantidas e fortalecidas na cultura literária, nos serões poéticos do paço real da Ribeira, na intimidade, em confidências e na comunhão de alegrias e dissabores.
Estudou Gramática, Retórica e Humanidades na Escola de Santa Cruz. Freqüentou depois a Universidade em Lisboa, onde fez o curso de Leis alcançando o grau de doutor em Direito, passando de
aluno aplicado a professor.
O Cancioneiro Geral de Garcia de Rezende, impresso em 1516, publica treze poesias do Doutor Francisco de Sá. Seus versos à maneira dos trovadores da época já revelam o carácter do homem e a vivacidade e cultura do seu espírito.
Tendo-lhe falecido o pai, em 1521, Sá de Miranda parte para Itália onde permanece até 1526. Graças a uma parente abastada, Vitória Colonna, marquesa de Pescara, ele pode conviver com algumas personalidades do Renascimento italiano (Pietro Bembo, Sannazaro e Ariosto), apreciando muito a estética literária que todos os humanistas cultivavam com entusiasmo.
Regressou a Portugal em 1526. Fruto dessa viagem, trouxe para Portugal uma nova estética, introduzindo o soneto, a canção, a sextina, as composições em tercetos e em oitavas e os versos de dez sílabas.
Um dos fatos mais interessantes da vida de Sá de Miranda, que tem prendido a atenção dos biógrafos e cuja explicação continua mais ou menos escondida entre hipóteses e dúvidas, é o seu abandono da corte, a fuga do povoado, o abrigo à sombra das florestas, o domicílio no Minho.
Os biógrafos apontam várias razões. Uma das possíveis causas da sua retirada para o Minho estará relacionada com a chegada da corte a Coimbra no ano de 1527. Sá de Miranda assistiu à representação da comédia de Gil Vicente sobre a divisa da cidade de Coimbra. No prólogo, Gil Vicente, descrevendo a nobreza de Coimbra, omite os Sás e só fala dos Melos. Ora, filho do cônego Gonçalo Mendes de Sá e de Inês de Melo, Sá de Miranda sentiu-se mal entre os numerosos admiradores de Gil Vicente.
Gil Vicente voltou a atacar Sá de Miranda na farsa «O Clérigo de Beira» representada na corte em 1529: «filho de clérigo és, nunca bom feito farás». Este ataque tão violento e os aplausos dos favoritos agravaram profundamente a ofensa e o poeta retirou-se para o Minho.
A partir de 1552 os desgostos sucederam-se na vida de Sá de Miranda: neste mesmo ano dá-se a morte do seu grande amigo Bernardim Ribeiro; no ano seguinte morre o filho Gonçalo, vítima de uma emboscada em Ceuta; em 1555 morre Briolanja de Azevedo, sua mulher.
Depois da morte de Dona Briolanja, Francisco Sá de Miranda viveu com o seu filho caçula, Jerônimo, na quinta da Tapada. Faleceu em 1558.
As principais obras de Sá de Miranda são: Cleópatra; Os Estrangeiros; Vilhalpandos e Cartas Em Verso.
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