Por: Aline Suelen
O texto descritivo também pode ser classificado em estático e dinâmico. Na descrição estática é predominante à falta de movimento e na descrição dinâmica há na imagem transmitida marcas de movimento. É importante lembrar que nessa dinamicidade não há progressão temporal, são ações que ocorrem ao mesmo tempo; não se pode dizer que nos elementos de uma descrição dinâmica há ralações de anterioridade e posterioridade.
Abaixo exemplificamos esses tipos de classificação: no primeiro exemplo, temos uma descrição dinâmica, a paisagem apresentada sugere movimentos; no segundo exemplo predomina a imobilidade.
“Brancas rochas, pelas encostas, alastravam a sólida nudez do seu ventre polido pelo vento e pelo sol; outras, vestidas de líquen e de silvados floridos, avançavam como proas de galeras enfeitadas; e, de entre as que se apinhavam nos cimos, algum casebre que para lá galgara, todo amachucado e torto, espreitava pelos postigos negros, sobre as desgrenhadas farripas de verdura, que o vento lhe semeara nas telhas. Por toda a parte a água sussurrante, a água fecundante… Espertos regatinhos fugiam, rindo com os seixos, de entre as patas da égua e do burro; grossos ribeiros açodados saltavam com fragor de pedra em pedra; fios diretos e luzidos como cordas de prata vibravam e faiscavam das alturas aos barrancos; e muita fonte, posta a beira de veredas, jorrava por uma bica, beneficamente, à espera dos homens e dos gados...”
(A cidade e as serras, Eça de Queiroz).
“A republica era muito no alto, sobre três andares, dominando uma grande extensão. Viam-se de cima as casas acavaladas uma pelas outras, formando ruas, contornando praças. (...) Mais para além pressentiam-se os arrabaldes pelo verdejar das árvores; ao fundo encadeavam-se cordilheiras, graduando planos esfumados de neblina.”
(Casa de Pensão, Aluisio Azevedo).
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