Por: Aline Suelen
CANTIGAS DE AMOR
CANTIGAS DE AMOR
As cantigas de amor surgiram no sul da França, na região de Provença e foram levadas a Portugal através de eventos religiosos e contatos entre as cortes. Essas cantigas expressam o sentimento amoroso do trovador que se coloca a serviço da mulher amada.
O eu-lírico das cantigas de amor é sempre o masculino: o trovador faz a corte a uma dama (interlocutor), dentro das convenções do amor cortês traduzidas na "vassalagem amorosa" - reflexo da estrutura social da época - e na idealização da mulher.
A temática continua sendo a "coita de amor" agregada à distância entre o homem e a mulher. O amor é impossível, irrealizável, idealizado, fantasiado. O sofrimento amoroso é, na maioria das vezes, causado por um amor proibido ou não-correspondido.
O cavalheiro se dirige à mulher amada como uma figura idealizada, distante. O poeta, na posição de fiel vassalo, se põe a serviço de sua senhora, dama da corte, tornando esse amor um objeto de sonho, distante, impossível. Mas nunca consegue conquistá-la, porque tem medo e também porque ela rejeita sua canção.
A mulher amada está em posição de superioridade, até por sua condição social, sendo tratada como "mia senhor". Seu nome jamais é revelado, por mesura ou para não comprometê-la (devido às diferenças de posição social ou pelo fato de ser casada). O trovador coloca-se humildemente a seu serviço, como seu vassalo, rogando para que ela aceite sua dedicação e submissão, refletindo a relação social de servidão da época.
CANTIGAS DE AMIGO
As cantigas de amigo têm origem no território galaico-português, Portugal e Espanha, isto é, originam-se da tradição popular e do folclore da própria Península Ibérica. Embora composta por homens, o trovador se faz porta-voz da mulher.
Nessas cantigas, a mulher, geralmente pertencente a alguma camada social mais popular e menos culta; lamenta a ausência do "amigo" que está longe ou não se apresentou no tempo esperado ou para o encontro combinado entre dois. O tom é de confidência à mãe ou as amigas ou a algum elemento da natureza (ramo, flor, árvore, lago...). Todavia, cabe ressaltar que a mulher nunca fala diretamente com seu interlocutor (o "amigo").
Embora seja fruto do folclore galaico-português, a cantiga de amigo é mais bem acabada; a linguagem é mais musical. A presença constante do refrão sugere a existência de um coro, e o pequeno número de versos revela que a letra da cantiga tem importância secundária, servindo muito mais para a marcação do ritmo.
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