Poesia Palaciana

Por: Aline Suelen

            A Poesia Palaciana era a poesia produzida no ambiente dos palácios, feita por nobres e destinada à corte.
            Inspirado na iniciativa dos espanhóis de organizarem cancioneiros poéticos, um poeta freqüentador da corte, Garcia de Resende, elaborou o Cancioneiro Geral, formado por 880 composições, de 286 autores e publicado em 1516.  Reflete-se nessa coletânea a influência do rico ambiente cultural de Castela, não só na imitação das novas formas poéticas ali desenvolvidas como ainda no bilingüismo freqüente dos autores portugueses, que escrevem tanto em português, como em castelhano.
            Separada da música, a poesia destinava-se à leitura. Assim, a própria linguagem é responsável pelo ritmo e expressividade. O termo trovador aos poucos assume o caráter pejorativo e começa a surgir à figura do poeta.
            Quanto aos temas, predomina o lirismo sentimental, sutil e sofisticado, revelando já influências italianas (principalmente de Francesco Petrarca e Dante Alighieri). O lirismo amoroso trovadoresco assume uma nova conotação, a mulher idealizada, inatingível, carnaliza-se e, a sensualidade reprimida nas cantigas de amor passa a ser freqüente. Aparecem também poesias moralizantes, satíricas, religiosas.
            A elaboração formal apresenta versos de sete sílabas (redondilha maior) e o de cinco sílabas (redondilha menor).

Cantiga sua partindo-se                                    
(João Roiz de Castelo Branco)

Senhora, partem tão tristes                                 
meus olhos por vós, meu bem,                              
que nunca tão tristes vistes                                    
outros nenhuns por ninguém.                                

Tão tristes, tão saudosos,                                       
tão doentes da partida,                                           
tão cansados, tão chorosos,                                    
da morte mais desejosos                                         
cem mil vezes que da vida.                                    
Partem tão tristes os tristes,                                    
tão fora d’esperar bem,                                           
que nunca tão tristes vistes                                    
            outros nenhuns por ninguém.

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